Movimentos comemoram anúncio de moradia no
Centro de S. Paulo
A Prefeitura de São Paulo, em parceria com o governo do estado e União,
lançou uma Parceria Público-Privada (PPP) para a construção de mais de 20,2 mil
habitações no centro da capital paulista.
Para o Movimento pelo Direito à Moradia (MDM) o anúncio é resultado da
pressão das organizações sociais.
“É o que esperávamos de um governo progressista. Agora, temos que
garantir o atendimento às famílias que estão na luta cotidiana”, declara Nilda
Neves, coordenadora coordenadora geral do MDM.
O prefeito Fernando Haddad e o governador do Estado, Geraldo Alckmin,
anunciaram que as unidades habitacionais serão destinadas destinada às famílias
de trabalhadores da região central com renda de até cinco pisos salariais do
Estado (R$ 755).
O processo licitatório para a construção foi iniciado na quinta-feira
(28).
No entanto, não há ainda uma lista divulgada com uma ordem de atendimento
das famílias, e quais critérios adicionais serão levados em conta para a
inclusão das mesmas.
Nas próximas semanas, os movimentos de moradia devem se reunir para
articular as forças e garantir maior inclusão das famílias mais carentes, que
recebem de zero a três salários mínimos. “Esse é o foco dos movimentos sociais.
As famílias que ganham até três salários, que geralmente não têm acesso aos
financiamentos privados. Precisamos garantir a igualdade na destinação das
unidades”, detalhou Nilda.
Segundo o anúncio dos governos, a ação terá um aporte de 4,6 bilhões de
reais para revitalizar a região como um local de moradia, além de aproximar a
população da maioria dos postos de trabalho do município. Trata-se de uma
reivindicação histórica da população.
De acordo com a prefeitura, será o maior investimento em habitação na
capital nos últimos 30 anos. “Trazer habitação para o centro implica um
investimento muito elevado em função do preço da terra, que no centro é muito
mais alto que na periferia. Mas existe a vantagem de trazer o morador para
perto do trabalho e isso desonera a infraestrutura de transporte”, justificou
Fernando Haddad.
A infraestrutura já existente na região central é um ponto a favor do
projeto. “Existem algumas construções em andamento nas regiões periféricas,
como no Guarapiranga, que demandam infraestrutura. É preciso levar em conta que
se por um lado o valor da terra é mais caro, de outro, cai muito os gastos com
mão de obra para criar uma nova rede de atendimento às moradias como transporte,
saúde, educação”, lembrou Nilda Neves, que comemora a iniciativa.
Também irá proporcionar inclusão social e melhorar da qualidade de vida
desses trabalhadores da região, mediante a oferta de moradias próximas aos seus
locais de trabalho, critério adotado pelos movimentos sociais. Também só serão
selecionados aqueles
“Sempre adotamos esse critério: a pessoa já tem vínculo com o centro.
Mas também é preciso levar em conta que mesmo quem não tem esse vínculo também
pode desejar tê-lo.
Só não vem mais ao centro pela falta de oportunidade”, observou a Nilda coordenadora geral do MDM.
Com relação a criação de postos de trabalho na região central, o
município explicou que, na medida em que os empreendimentos contarão com
espaços para comércios e serviços, a iniciativa também irá gerar mais emprego,
renda, além de aliviar o sistema de transporte urbano.
“Estamos começando a corrigir esse grave desequilíbrio da cidade de São
Paulo, que afastou o morador do seu posto de trabalho, causando tantos
transtornos, sobretudo na questão da mobilidade urbana, que não se resolve só
com transportes”, disse o prefeito, que destacou a questão da mobilidade
urbana: “Serão de 20 a 40 mil trabalhadores que deixarão de se deslocar dos
bairros distantes para seus locais de trabalho, no Centro da capital”.
Dos R$ 4,6 bilhões investidos, a prefeitura entrará com 404 milhões, uma
média de R$ 20 mil por unidade habitacional. A iniciativa privada ficará com o
encargo de R$ 2,6 bilhões e a contrapartida do Governo do Estado de São Paulo,
a fundo perdido, será de R$ 1,6 bilhão, em parceria subsidiada pelo programa
“Minha Casa Minha Vida”, da União.
projeto prevê a construção de empreendimentos nos distritos da Sé e
República, e nos bairros do entorno do Brás, Bela Vista, Belém, Bom Retiro,
Cambuci, Liberdade, Mooca, Pari e Santa Cecília. O maior número de unidades
habitacionais – 7.076 – será concentrado nos bairros da Barra Funda, Santa
Cecília, Pari e Bom Retiro. A área formada por República e Bela Vista deve
receber 2.857 novas unidades. Nos bairros do Cambuci e da Mooca, os projetos
preveem a construção de 2.409 unidades. Bresser e Belenzinho devem receber
2.594 novas moradias e a região da Celso Garcia e adjacências, no Belém, 2.377.
Do total de 20.221, 12.508 unidades habitacionais serão destinadas à
população com renda de até R$ 3.775 (cinco pisos salariais estaduais). As
outras 7.713 unidades serão para trabalhadores com renda entre R$ 3.775 e R$
10.848. Duas mil unidades devem ser destinadas a entidades pró-moradia,
habilitadas pela Secretaria de Estado da Habitação.
As prestações serão proporcionais à sua renda e conforme as regras de
financiamento das instituições financeiras participantes.
Para as menores faixas salariais, o comprometimento da renda será na
ordem de 20%. Na faixa entre um e dois pisos salariais, a prestação inicial
ficará entre R$ 151 e R$ 302. Na segunda faixa, de dois a três pisos salariais,
as prestações serão de R$ 332 a R$ 498. Entre três e quatro pisos pagará
inicialmente entre R$ 566 e R$ 755 de prestação mensal. As famílias com renda
entre quatro e cinco pisos, a prestação deve variar de R$ 815 a R$ 1.019.
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